domingo, 30 de junho de 2013

ESTRADA

Reabastecendo, reformulando e mais uma vez partindo. Mais uma vez voltando. Em idas e vindas, encontrando a mim mesma. Rio de Janeiro é beleza, é mostrar-se, é ver. Observar o entorno, as pessoas, as pedras e o verde. Sentirei saudades. Os amigos, a família carioca, o Pavão Azul, Copacabana e Ipanema. As possibilidades encontradas e a estrada... Sempre a estrada infinita que faz parte de mim. Nascendo para sempre nascer. Renascendo. Amadurecimentos contantes. As boas vindas a Valentina, ao Sebastião, a Julia Nefer, as crianças... As lágrimas que rolam tranquilas esperam o frio chegar, esperam o vinho e a polenta, as plantas e os cães. O retornos dos velhos amigos, os abraços e os desabafos. A mágoa passou.

sexta-feira, 14 de junho de 2013

GARRAFAS D'ÁGUA

   O quarto é grande e a busca infinitamente maior do que este. Ele lhe dá margem. Ele controla o fluxo e ao mesmo tempo faz transbordar. As noites passadas no bar se amontoam nos cantos do quarto. Ao lado da cama, perto da porta do banheiro, estão os sapatos. O chinelo marrom arrebentado. O último. O mesmo chinelo. Na verdade a repetição dele. Aos vinte anos o primeiro. E a repetição. Como se servissem para firmar o tempo, congelar o relógio tornando a juventude permanente.
  A cadeira de metal branca equilibra, quase como se tivesse braços para agarrar, a montanha de roupas limpas e amarrotadas que não chegaram até o armário. Junto com elas as peças que só saíram do armário para passear pelo corpo, encontrarem-se no espelho por alguns segundos para então agigantar ainda mais a montanha de tecido.
  O frigobar azul calcinha está guardando restos de comida e garrafas d'água. Faz barulho durante a noite. Parece até neto da velha geladeira marrom que viveu no apartamento da Nilo Peçanha , em Porto Alegre. Com a idade passou a exigir mais atenção e energia. Vazava durante a noite e nas manhãs geladas me acordava com o frio que subia pelos meus pés descalços e molhados. 

Luiza Mattos

Maio de 2013
Rio de Janeiro