terça-feira, 17 de julho de 2012

SOPRO-TUFÃO


Se fores capaz de afastar com sopro a dor
Esta não é real profunda 
Se não consegues arrancar do peito 
Nem com ambas as mãos 
Aí então, travessia mar inteiro 
Aí então, tufão furacão
Pra só depois da bonança 
Ter nova respiração

Luiza Mattos
Junho de 2012

AVOEI


Avoei, avoei
Fui pra longe
O mar molhava minhas penas
Olhei entorno e me vi só
Continuei avoando
E fui mais longe
Choveu demais, fiquei pesado
Saudade tuas, saudade de mim
E quanto mais longe eu ia
Mais eu lembrava de ti
Do chororô anoitecido
Das viradas madrugadas
E nosso nada foi crescendo, virou água
Depois do nada eu encontrei
Um sujeito como eu
De avoar meio engraçado
De corpo meio cansado
A água levei comigo
Dividi com ele o fardo
O fardo ficou mais leve
E pendurados numa rede
Alongamos nossa prosa 
Que agora era solta e viva
O longe ficou por perto
O trajeto percorrido 
E nosso nada foi perdido

Luiza Mattos
Abril de 2012

DESPERTAR

Acordei como quem nasce agora
Com olhos turvos/confusos
A luz  atravessando os poros
A luz penetrando fundo
O trajeto é largo e longo 
O bosque úmido e frio

Gotejei o caminho/processo
Minha força se esvaiu
Pausei, sentei, esperei 
O sol se tornou mais forte
Socorreu corpo e cansaço 
Colou todos os pedaços
Logo então me levantei
Segui firme, novos passos


Luiza Mattos 
04 de Junho de 2012

CHUVA E TRISTEZA


O quanto de mim encontro aqui dentro?
Será que me busco, me perco, me sinto?
Será que te encontro? Será que me finjo?

Um dia que acordou em preto e branco
Um dia sem destino e com hora certa
Hora que corre, hora que morre 
Na ânsia de nada ser e tudo ter

O relógio martela o tempo
As flores secas fingem perfume
A chuva lavou parede, manchou de amarelo o branco do céu
A tristeza coloriu o dia e pintou com ela minha dor
As duas, chuva e tristeza, acalantam meu ser
As duas, chuva e tristeza, me fazem sorrir


Luiza Mattos
Agosto de 2011

CERTEZA


Das dúvidas, das dúvidas todas
Nenhuma é maior, nenhuma é mais viva
É mais carne, mais noite
Do que a certeza que te quero
De que quero, mais do que tudo
Não deixar de te querer
Nas formas mais terrenas
Que "pra sempre" pode ter


Luiza Mattos
Julho de 2012

INÍCIO

Brotação, casca e zelo
Pedaço de mim, meu remanso
A terra sob meus pés
As raízes firmes no chão
As flores da primavera
Os frutos filhos do sol
Um novo caminho
O inicio de tudo
A escrita
A fala
O verão

Luiza Mattos
Julho de 2012