quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

TELEFONEMA

Depois de dois anos apenas algumas poucas palavras deste lado da linha. Do outro lado surpresa. Do outro lado conversa. Aqui dentro um coração que não mudou o ritmo aos escutar a voz, apesar do choro ansioso no dia anterior. Esperava por tudo, esperava por nada. Talvez, em  verdade, não esperasse mais. O tempo passa, ele está velho e agora sozinho. Anda de lá pra cá como se o vai-e-vem preenchesse o vazio. Ocupa-se. Será que sente o vazio, ou será que quem o sente sou eu. Está na fazenda, mantém parte do campo. Ovelhas de cara negra. Penso em todos os momentos que minha memória nunca apagou. Infância campestre. A mimosa era meu refúgio, a florada amarela e as folhas aveludadas me faziam carinho. Sinto falta da voz doce, mas prefiro distância dos arroubos cruéis que sempre vem. A cegueira. Hoje sou outra, somos sempre outros ao reencontrar-nos com o passado. Marcamos novo contato, marcamos encontro. Talvez na próxima segunda feira.



Porto Alegre
LMD

2 comentários:

  1. Esta coisa batida do tempo! A saudade sem perdão. A angústia de ser...E eu o vejo te esperando, assim, resmungando, com coração meio aberto, meio escuro, esperando. Escrever como todas as letras. Importa. Gostei.

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  2. Nossa, Lu, adorei!!! Quem conhece essa menina, entendeu a poesia.

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