quarta-feira, 17 de outubro de 2012

ENQUANTO VOCÊ DORMIA


Enquanto você dormia estávamos, prazerosamente, lutando por mais cinco minutos.
Enquanto você dormia o café estava sendo passado.
Enquanto você dormia havia choro pela casa.
Enquanto você dormia as remelas estavam debaixo d'agua.
Enquanto você dormia o sol já havia puxado minhas cobertas com suas garras afiadas e maldosas.
Enquanto você dormia nós escutávamos o restinho de silencio se misturar ao rumor da antiga porcelana.
Enquanto você dormia a janela da cozinha, dos quartos, da sala e a porta do quintal já tinham sido abertas.
Enquanto você dormia estavam todos enfileirados, lavados e escovados. Um, dois, três.
Enquanto você dormia, em alto e bom som, ecoava pela casa minha música preferida e os pássaros cantavam lá fora.
Enquanto você dormia.
Enquanto você dormia o sino já havia soado.
Enquanto você dormia tudo já despertara.

Por fim, enquanto você dormia,  tudo fazia sentido.

Luiza Mattos.
17 de outubro de 2012.
Porto Alegre.

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